As paratiróides são pequenas glândulas localizadas no pescoço, normalmente aderentes à face posterior da tiroide.
Produzem a hormona paratiroideia (PTH), que atua em diversos órgãos, como o osso, rim e intestino e serve para regular o cálcio do organismo.
A doença mais comum é o hiperparatiroidismo, que pode ser primário, secundário e terciário.
O hiperparatiroidismo primário é a causa mais frequente do aumento de cálcio no sangue e pode causar alterações graves, como osteoporose, fraturas ósseas, arritmias e litíase (pedras) nos rins.
A remoção da paratiróide (paratiroidectomia) é a única forma de tratamento curativa do HPT primário, quando efetuada por cirurgiões experientes.
Aqui poderá encontrar as respostas às questões mais frequente, em linguagem fácil de compreender.
Quando é necessário operar as paratiroides ?
Quando as paratiroides estão doentes e aumentadas de tamanho.
Na maioria dos casos é só uma glândula que está atingida (hiperparatiroidismo primário).
Em outras situações, mais do que uma glândula pode estar atingida.
A cirurgia é o único tratamento curativo e tem por objetivo remover a, ou as glândulas afetadas, de modo a melhorar a qualidade de vida dos doentes.
Qual é a alternativa à cirurgia ?
Existem medicamentos que ajudam a controlar a doença, mas, habitualmente, o seu benefício é temporário e não controlam totalmente o funcionamento exagerado da glândula paratiroide.
Que exames se devem fazer antes da cirurgia ?
Além dos exames de sangue, radiografia aos pulmões e Eletrocardiograma (habituais em todos as cirurgias), é necessário fazer também uma ecografia cervical e um cintilograma (cintigrafia) com sestamibi, para localizar a glândula aumentada de tamanho.
Em alguns casos, pode ainda ser pedida uma TAC 4D ou um PET scan, que poderão permitir uma melhor localização da glândula a remover.
Que tipos de cirurgia existem ?
A cirurgia é feita sob anestesia geral e existem 2 tipos de cirurgia:
Exploração bilateral
Através de uma incisão no pescoço com cerca de 5 a 7 cm, que tem a vantagem de permitir avaliar as 4 paratiroides (hoje poucas vezes necessária)
Exploração dirigida (mini-invasiva)
Realizada através de uma incisão com menos de 3 cm, usada sobretudo quando a doença é só de uma glândula que está bem identificada nos exames pré-operatórios.
Abordagem extracervical (sem cicatriz no pescoço)
À semelhança da abordagem dirigida e apesar de não se poder considerar mini-invasiva, pode ser usada quando a doença é só de uma glândula bem identificada, sendo realizada através de uma ou mais incisões longe do pescoço.
Que tenho de fazer antes da cirurgia ?
Se toma medicação habitual, deve informar o seu médico, principalmente se toma medicamentos para o sangue, como por exemplo aspirina ou clopidogrel, ou algum anticoagulante, como varfarina (Varfine) ou de segundo geração como Apixabano.
Quanto tempo fico no hospital ?
Depende da técnica cirúrgica e da gravidade da doença.
Apesar da maioria dos doentes poderem ser operados em Cirurgia de Ambulatório (com alta no próprio dia, ou com uma noite de internamento e alta em menos de 24h), haverá outros que necessitam de ficar internados durante alguns dias.
O seu cirurgião endócrino poderá informá-lo em função do seu caso concreto.
Que cuidados devo ter com a ferida operatória ?
Habitualmente, no momento da alta será aconselhado pelo seu Médico e/ou Enfermeiro responsável.
Se foi usada cola biológica, não leva penso e pode tomar banho sem esfregar a ferida operatória. Não necessita cuidados de penso e não deve aplicar qualquer creme sobre a ferida nos primeiros 15 dias.
Se a ferida operatória foi suturada com um fio, alguns são reabsorvidos pelo organismo e não necessitam ser retirados, enquanto outros serão retirados ao fim de alguns dias (o seu médico informá-lo-á).
A ferida deverá depois ser massajada com um creme hidratante e podem também ser-lhe indicados cremes para ajudar na cicatrização e/ou outros com silicone, para ajudar a tornar a cicatriz operatória o mais imperceptível possível.
O uso de protetor solar (ecrã total) e evitar a exposição direta ao sol, são dois cuidados fundamentais durante os primeiros meses após a cirurgia.
Como é a recuperação depois desta cirurgia ?
A cirurgia da paratiroide é geralmente um procedimento seguro e o pós-operatório é habitualmente muito bom e sem dor significativa.
É natural haver algum mal-estar na região da cicatriz cirúrgica, que passa habitualmente com o analgésico prescrito pelo seu cirurgião no momento da alta.
Pode comer e beber normalmente, sem nenhuma restrição. Podendo existir algum desconforto inicial ao engolir, normalmente desaparecerá em poucos dias.
Normalmente não há restrições absolutas à condução automóvel, mas deverá evitar fazê-lo durante a primeira semana após a cirurgia.
As complicações deste tipo de cirurgia são raras e, portanto, a maioria dos doentes não tem qualquer tipo de complicação. No entanto, como em qualquer procedimento cirúrgico, existe sempre algum risco e por isso é importante falar com o seu médico e esclarecer todas as suas dúvidas.
Qual é a complicação mais frequente desta cirurgia ?
A complicação mais frequente deste tipo de cirurgia é a hipocalcémia, ou seja, os níveis de cálcio no sangue podem baixar. Esta complicação é habitualmente temporária e acontece enquanto o organismo recupera o controle dos níveis do cálcio no organismo.
Em algumas situações, dependendo da gravidade da doença e da extensão da cirurgia realizada, o doente poderá ter alta com indicação para tomar pastilhas de cálcio, para tentar evitar esta situação.
As principais queixas e sinais de alarme, são sentir formigueiros nos lábios, nos dedos das mãos ou pés. Se tal acontecer, deverá entrar em contacto com o seu cirurgião, pois poderá ser necessário fazer análises ao sangue para confirmar os níveis de cálcio e possivelmente aumentar a dose de cálcio que está a tomar.
Que outras complicações podem surgir ?
Podem surgir alterações da voz, pois os nervos que enervam e controlam o movimento das cordas vocais (nervos laríngeos inferiores ou recorrentes) passam muito perto e por vezes aderentes às glândulas paratiroides.
Medindo cerca de 1mm de diâmetro, ou menos, e sendo altamente sensíveis, pequenos traumatismos a que seja sujeito, podem fazer com que a voz fique rouca e/ou mais fraca.
Apesar de muito rara, esta complicação é habitualmente de recuperação rápida, mas pode demorar semanas ou meses. Pode, inclusive, ser necessário fazer terapia da fala, para que esta recuperação seja mais rápida.
Outras complicações possíveis são a hemorragia e a infecção, mas são ainda mais raras.
Quando posso voltar a trabalhar ?
O regresso ao trabalho depende do tipo de trabalho e do tipo de cirurgia que fez, pelo que o seu cirurgião deverá ser questionado em relação à sua situação particular.
De modo geral, se for um trabalho sem grande esforço físico, poderá reiniciar a sua atividade profissional após uma a 2 semanas. Se for um emprego que exija maior força físico, deverá recuperar mais um pouco e reiniciar após cerca de 3 a 4 semanas.